5 de dezembro de 2009

Lendo, linkando e fashionando


Então, eu estou lendo um livro que ganhei de presente de aniversário que se chama ‘A Sombra do Vento’. Ele conta uma história que um rapazinho bom leitor, além de filho de livreiro, que se embrenha a desvendar o mistério que ronda a vida do escritor do livro de mesmo nome. E a história se passa na Barcelona pós-2ª guerra. Muitas identificações, a começar que a época citada é o mesmo momento que meu avô deixa a Espanha para viver aqui no Brasil, fugido da Guerra Civil, promovida pelo tal Governo Franco.


Eu não sou nenhuma leitora assídua, embora quisesse. Pura preguiça, sabe? Mas esse livro tem prendido bem minha atenção por dois motivos: 1 – há um mistério a ser desvendado; 2 – fico imaginando as cenas descritas, principalmente em relação à indumentária. Aí, fiquei lembrando das aulas de História da Moda, revendo o material das décadas de 40 e 50 e imaginando o que se vestia naquela Barcelona. A história é em primeira pessoa e o narrador descreve bem os detalhes. E então, nas minhas pesquisas, percebi que, aparentemente, a descrição das vestimentas é um pouco ‘atrasada’ em relação ao que estava acontecendo no cenário da moda daquele momento. E isso pode acontecer por n motivos.



Uma delas é por conta da transição das décadas, pois a moda não se atualiza na virada da década, num ponto determinado. Ela leva um tempo para evoluir, se estabelecer e continuar se transformando, como tudo nessa vida. Outro possível motivo, imagino que o que se usava na Espanha era o que se usava na Europa, e o centro da moda era Paris (ou ainda é?). Mas, lá, lembrando das aulas, me ocorreu um nome: Cristóbal Balenciaga. Este distinto senhor foi um estilista e costureiro espanhol de grande destaque, não só na Espanha e na França, também conhecido como ‘Arquiteto da Costura’, pois uma de suas marcas era brincar com proporções e cores. Esse nome ficou um pouco perdido no tempo, mas agora está voltando com tudo. Prestem atenção!





Mas, voltando à referência ao livro, a grande diferença entre o estilo Balenciaga e o descrito é: o narrador fala de mais de uma mulher com silhuetas demarcadas, vestidos acetinados, cores românticas e tudo mais. E, neste momento, Balenciaga (além de Dior, depois Chanel e outros), estava desmarcando a cintura, deixando a mulher mais mulher e mais a vontade, porém sempre elegante, como a linha ‘A’ de Dior e, ao mesmo tempo, criando o chamado New Look. E este sim, se parece mais ao que o narrador do livro descreve. E foi Dior que criou esta última citação. Para quem não sabe, é a cintura bem marcada e saias rodadas. Beeeem anos 50!



Porém, a maioria dos personagens da história é masculino. E aí, a gente cai naquilo que já conversamos por aqui. Os mocinhos sempre desprovidos de recursos de beleza... O narrador fala muito sobre o uso de jaquetas. E daí, já imagino justamente o que foi discutido em aula: a moda masculina da década de 50 era basicamente paletó comprido, calça justa, gravata, cores escuras e sóbrias. Engraçado que o composè de meu avô ainda é bem próximo disso.


Ainda bem que esta mesma década também é conhecida como os anos dourados, onde os rapazes foram muito bem representado por Elvis & cia., com aquele ar de rebeldia composto por topetes e brilhantinas, camisetas de malha, jaquetas de couro e as nossas atualíssimas calças jeans. Ruptura dos valores, uma verdadeira revolução naquele momento!!


Ler é muito bom e faz a gente atiçar a criatividade da cachola. Melhor ainda quando conseguimos fazer links com nossos interesses pessoais, né mesmo?!


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